ilustração #01 | texto #12

                                                         




Eu pensei muito antes de publicar essa foto, tive mesmo.
Medo porque família, amigos e conhecidos podem falar coisas dolorosas, me reprimir. Medo porque,
isso ainda "é feio e nojento" e levantar o braço no ônibus para me segurar ou levantar os braços para prender o cabelo, me assusta também.

Me incomoda ter que justificar minhas decisões fora do padrão. Justificar que na verdade eu nunca entendi porque eu não podia ter pelos já que eles nunca me incomodaram. Ter que ensinar que falta de higiene é não tomar banho e que pelos não são sinônimo disso, que meu namorado não impõe a mim o que fazer com meus pelos, com o meu corpo.

É inegável: existe uma censura silenciosa quando a isso, e quebra-la é doloroso. Ainda me falta coragem, mas tenho ganhado muito mais do que vocês possam imaginar, tenho ganhado confiança. Sempre fui complexada com meu corpo, não aceitava meus peitos pequenos, meu cabelo cacheado, meus ossos que se destacam, minha altura, não consegua me encaixar, não conseguia engordar, tentava me modificar mas não era eu, não me fazia feliz, mas a vontade de ser aceita e sentir que pertenço a um lugar sempre foi maior. Até que comecei a cansar, desistir... e o feminismo foi a minha luz no fim do túnel. Aquele cabelo liso que eu cobiçava e me fazia perder tanto tempo para conseguir, estava ficando sem graça, sem volume: comecei a me querer e fui cavando até me achar debaixo de tudo que eu quis mudar, de tudo que eu fazia para os outros no meu corpo.
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